Ele estava internado há mais de uma semana no Hospital Santa Cruz
Morreu no começo da tarde deste sábado, 5, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da ala covid do Hospital Santa Cruz de Canoinhas, o ex-prefeito de Canoinhas, Paulo Rocha Faria, aos 89 anos. Ele estava internado há mais de uma semana e usava respirador artificial.
Professor e diretor do Colégio Agrícola Vidal Ramos (hoje Centro de Educação Profissionalizante) por 30 anos, Paulo Rocha Faria foi prefeito de Canoinhas por um ano, em substituição a Alfredo de Oliveira Garcindo, afastado em 1976.
Paulo nasceu em Curitiba (PR). Veio para Canoinhas em 1957, então com 26 anos.
TRAJETÓRIA
Em entrevista concedida há 14 anos ao jornal Correio do Norte, Paulo contou que ao se formar em Agronomia, trabalhou por dois anos em Florianópolis, em serviços de pesquisa e na produção de sementes. As pesquisas eram financiadas por um convênio entre o Ministério da Agricultura e a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina. Nas muitas viagens que Paulo fazia pelo Estado a fim de tornar viável sua pesquisa, acabou aportando em Canoinhas. “Na época gostei bastante de Canoinhas. A vida no interior é muito melhor”, revelou na ocasião.
Dessa forma, Paulo acabou unindo o útil ao agradável. A localidade chamada de Campo de Trigo (havia muito trigo pela localidade), no distrito de Marcílio Dias, foi indicada em 1939, como uma excelente área para a multiplicação de sementes. A sugestão foi acatada pelo Estado e ali foi iniciada a Escola Prática de Agricultura.
Em 1957, Paulo foi indicado para trabalhar na Escola e veio para Canoinhas de vez. Um mês depois, casou em Curitiba com Eliete e a trouxe morar em Canoinhas.
Paulo estava encantado com a pequena cidade. “Era uma cidade pequena, mas muito aconchegante. Ruas bem traçadas e planejadas”. Paulo contava que quando chegou em Canoinhas, a indústria extrativa do mate e da madeira estava no seu auge.
O então professor participou também da fundação do Colégio Comercial de Canoinhas, junto com Acácio Pereira e o Zaiden Seleme. Foi também vice-presidente da primeira diretoria da extinta Funploc (hoje UnC).
Nessa época, Paulo era vereador de Canoinhas, cargo que voltaria a ocupar em 1978.
Em 1973, Paulo se candidatou a vice-prefeito na chapa encabeçada por Alfredo de Oliveira Garcindo. A campanha foi vitoriosa, mas Garcindo acabou constatando que governar não é nada fácil. O prefeito quis colocar na prática o seu lema de campanha – “Vou fazer em um ano o que os outros não fizeram em quatro” – e acabou sendo afastado do cargo. O ano era 1976. Baseado na alta dívida contraída por Garcindo à frente da Prefeitura, o governador Konder Reis interviu no município e afastou Garcindo, nomeando o promotor Hélio Junk, de Porto União, como interventor da crise. A solução para tirar Canoinhas do vermelho foi simples – o Governo assumiu a dívida da Prefeitura e afastou Hélio para nomear Paulo como prefeito.
Paulo defendia Garcindo e dizia que as dívidas foram contraídas em prol do município. “Garcindo modernizou o sistema de energia elétrica da cidade, firmou convênio com a Casan (válido até hoje), criou as áreas industriais da cidade, mas nunca foi desonesto”, afirma lembrando que Garcindo nunca se conformou com o afastamento.
Além da esposa, Paulo deixa quatro filhos, entre eles o também ex-prefeito de Canoinhas, Beto Faria, e sete netos. Haverá uma despedida no Cemitério Municipal de Canoinhas às 17h deste sábado.
Prefeito Beto Passos (PSD) decretou luto oficial de três dias em respeito a memória de Paulo.