Série nacional Bom dia, Verônica não deve nada a estrangeiros


Netflix

Ao abordar violência doméstica, história mostra também a praga da corrupção policial

 

 

 

 

ALTO NÍVEL


A violência doméstica é um mal da humanidade, mas no Brasil encontra mórbidas particularidades. Os registros de violência doméstica têm aumentado no Brasil durante o período de confinamento causado pela pandemia do coronavírus. De acordo com a pesquisa “Violência Doméstica Durante Pandemia de Covid-19”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nas redes sociais, as brigas de casais aumentaram 431% entre fevereiro e abril. O estudo foi divulgado no dia 20 de abril.

 

 

 

Com o foco no Twitter, foram coletadas 52.315 menções a brigas domésticas, das quais 5.583 relataram violência. Segundo os pesquisadores, na rede social os internautas se manifestam mais espontaneamente sobre acontecimentos cotidianos.

 

 

 

Por isso, vem a calhar uma série da Netflix que não só aborda o tema como ao final de cada episódio ensina o caminho para mulheres vítimas de seus companheiros os denunciarem.

 

 

 

Bom Dia, Verônica, no entanto, é mais que uma peça panfletária contra a violência doméstica. Trata-se de entretenimento de alto nível, que nada deve aos seriados policiais estadunidenses ou a boa safra de histórias de investigação que a gente vem se familiarizando a partir do que os serviços de streaming vem nos trazendo da Europa.

 

 

 

 

Adaptação do livro de  Raphael Montes e Ilana Casoy – na época publicado sob o pseudônimo Andrea Killmore -, a trama acompanha a complicada jornada da escrivã Verônica Torres (Tainá Muller) para encontrar um criminoso manipulador, e sua busca por justiça à uma vítima de violência doméstica. É tanto uma história sobre a enorme ambição de Torres de lutar contra um sistema burocrático e a corrupção como um câncer no sistema policial, quanto o inferno que Janete (Camila Morgado) sofre nas mãos do policial militar Brandão (Eduardo Moscovis), agressor com tendências assassinas.

 

 

 

Não é uma história fácil. O próprio intérprete do agressor, Eduardo Moscovis, disse em entrevista à Veja que custava se livrar da carga negativa do personagem ao deixar o set. O trabalho dele, no entanto, e mais ainda o de Camila Morgado, passam a sensação do desconforto que deve ser viver com um monstro de gestos muito bem premeditados.

 

 

 

 

Outra boa interpretação é de Tainá, ótima no papel de heroína que, apesar dos chavões, consegue apresentar algum frescor a esse tipo de personagem.

 

 

Bom Dia, Verônica é um belo exemplo de como nossa produção pode alcançar padrão internacional de qualidade, aliás, superar muita coisa gringa que se vê por aí.





Deixe seu comentário: