O atirador da Vila e a justiça pelas próprias mãos


Foto: Alexandre da Cruz tinha 21 anos/Facebook/Reprodução

Impossível não se compadecer da dor da família Cruz, que da forma mais covarde possível perdeu Alexandre, aos 21 anos, vítima de um tiro disparado por um menino de 18 anos.

A vida de Alexandre foi destruída naquele instante. A de John Lenon, o assassino, já havia se destruído em algum ponto específico entre as tantas confusões nas quais se envolveu desde a menoridade.

John Lenon está preso e na Unidade Prisional deve permanecer por mais um bom tempo. Deve ir a júri popular e será, na mais otimista das hipóteses, condenado a 30 anos de prisão. A grande dúvida é sobre quantas outras barbaridades ele poderá cometer aos 48 anos, quando, repito, na mais otimista das hipóteses, ele deixará a cadeia. No presídio, deve fazer um intensivo em crimes que, pode ser, ainda desconheça.

Analisando os muitos comentários nas redes sociais, o que revolta a população canoinhense não é o comportamento de John Lenon em si, mas sim, a possibilidade de a Justiça instituída não dar conta de puni-lo exemplarmente, como a maioria das pessoas deseja. Há quem pregue um tribunal de execuções, no sentido mais explícito do termo, outros falam claramente em linchamento, o povo tomar para si o direito de punir sem parâmetros ou trâmites.

Felizmente ainda vivemos em uma democracia e, certo ou errado, justo ou injusto, todos temos direito à ampla defesa. Com John Lenon não será diferente. Assim como não será com o professor Gláucio, acusado de provocar o acidente que matou André Renan, de 9 anos. Ambos os casos têm como marca a comoção regional.

O diferencial estará na punição que a Justiça dará aos dois acusados.

Para quem está desiludido com a Justiça, com as instituições e tudo mais, não os culpo, razões para tanto não faltam. Pregar a anarquia, no entanto, não é a solução. Se fosse, nações como a Síria e o Iraque, só para ficar no caos do Oriente Médio, seriam exemplos de civilização.

No Brasil, temos um grande e poderoso instrumento da democracia que, como provamos a cada dois anos, em raros momentos soubemos usar. É pelo voto que conseguimos um país melhor, com leis mais justas e menos corrupção. Com leis mais claras e mais rigorosas capazes de, em momentos como estes fazerem com que confiemos na Justiça e não tenhamos latente esse desejo de punir pelas próprias mãos.

 





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