Outras linhas sobre o nosso velho Salão Metzger


E o salão Metzger continua a trazer à tona, à superfície de nossas almas as mais emocionantes histórias. Histórias vividas por muitas pessoas que lá tiveram os seus mais belos momentos gravados no recôndito da memória.

Em cada baile das noites de sábado, em cada domingueira (antigas tardes dançantes dos domingos), com as mais variadas músicas ribombando, sonoras e belas, enquanto os pares se multiplicavam pelo salão.

Novas duplas. Novos amigos. Novos amores.

Quantos podem contar que foi lá, naquele místico ambiente, que foram trocados os primeiros olhares, que foram enviadas as primeiras mensagens para alguém que se tornou um amor para toda a vida!

Quantos ali, encabulados, trocaram os primeiros vacilantes passos de uma valsa, dançaram os primeiros tangos, os primeiros “dois pra lá, dois pra cá” de um romântico bolero…

E quanta variação em torno desse velho tema. Quantos amores ali começados e quantos romances ali acabados!

Rodopiando pelo salão, quantos encontros… e iguais desencontros…

Foi naquele salão que algumas pessoas se reuniram, quase que em voz sussurrada, para os primeiros passos de formação do diretório local de um partido de oposição ainda na vigência da ditadura. Foi lá a primeira reunião para a formação do MDB de Canoinhas com a presença de ilustres membros como Acácio Pereira, Lazinho e Luiz Henrique da Silveira, entre outros heroicos participantes mais.

Mas, agora, é de uma história mais recente que eu quero falar. De um dia especial que passamos no místico e encantado Salão.

O dia em que a Escola de nossa vila, a “Manoel da Silva Quadros” recebeu uma ilustre visita. A visita do escritor catarinense Amilcar Neves.

Amilcar chegou até nós pelas asas de um importante projeto cultural que deixou saudades. O Projeto “Encontro Marcado”. Projeto idealizado por Lia Bonilla Colomé, professora de Língua Portuguesa de uma escola da cidade de Videira. Projeto, entre nós, patrocinado pela Unimed Canoinhas.

A escola recebera já os livros do autor alguns meses antes da realização do “Encontro Marcado”. Para que os estudantes tomassem conhecimento do seu conteúdo. Para que os mestres da Língua Portuguesa, das Artes, e das demais cadeiras pudessem preparar as devidas apresentações e discussões em torno dos temas e dos contos contados por Amilcar Neves em seus livros.

E o grande dia chegou.

Com o aplauso da comunidade. Que também participou.

O Salão Metzger, repleto de estudantes, recebeu com palmas e flores o ilustre convidado. Com poemas e músicas. Com teatro e contadores de histórias.

Montados estavam, em cada pedaço possível, os contos de Amilcar, em forma de teatro. Com adolescentes, sérios em seus papéis, interpretando personagens que Amilcar jamais sonhara em aplaudir, ao vivo. Porque até então elas, as personagens, só na imaginação dele vicejavam.

E, em cada pedaço de parede possível desfilaram poemas em verso e em prosa, em forma de cartazes ou em folhas soltas de coloridos papéis, imensa produção literária emanadas das jovens mentes de entusiasmados estudantes de nossa vila.

Tão impressionado e impregnado com o que viu e ouviu ali o nosso convidado naquele místico salão, no decorrer de um dia especial, que, sobre o evento, publicou várias crônicas na coluna onde, semanalmente, escreve em diário da capital de nosso estado.

Quando Urda Alice Klueger, outra escritora catarinense que, dois anos depois, participando de mais um “Encontro Marcado” aqui esteve, foi visitar o “Bar do Coringa” e ficou impressionada com o que lá viu.  Entre outras coisas, com as placas de propaganda fixadas nas paredes no entorno do salão. Propagandas a divulgar as coisas de uma época de nossa indústria e de nosso comércio.

E Urda ainda saboreou o delicioso Roll-Mops ali servido, com sorrisos, pelo amigo Wiegando, o Coringa.

São consagradas visitas ao nosso místico reduto onde tantas outras histórias lá, desenroladas e escritas, só as paredes podem contar.





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