Série brasileira acerta ao trabalhar bem personagens do folclore nacional
FOLCLORE NACIONAL
Poderia ser uma baita bobagem: um roteiro protagonizado por personagens do folclore nacional como a Cuca, o Curupira, o Saci Pererê e o Boto Cor-de-Rosa. Nas mãos da pessoa errada poderia ser desastroso. Com o argumento em mãos, a Netflix decidiu chamar um dos brasileiros mais bem-sucedidos lá fora. Carlos Saldanha é o criador dos megassucessos Rio e A Era do Gelo.
Saldanha se dedicou, como de costume, e isso é perceptível na série. Como transformar Alessandra Negrini em uma Cuca convincente sem cair no humor involuntário? Simplesmente sem usar efeitos ou subterfúgios mirabolantes. O talento de Alessandra dá conta do resto.
Marco Pigossi, que estreou mal na Netflix com a esquecível Tidelands, tem aqui sua chance de sucesso internacional (a série está sendo curtida no Brasil e lá fora). Ele interpreta um policial ambiental traumatizado pela morte da esposa e que entra em um turbilhão de fatos extraordinários ao encontrar um boto cor-de-rosa morto em uma praia do Rio de Janeiro. Ao investigar o caso, dá de cara com outros personagens do folclore nacional e, aos poucos, vai entendendo que o que ocorre com eles tem ligação com a morte de sua esposa.
A trama é simples, previsível, mas ganha destaque por colocar em evidência personagens que pareciam confinados a viver apenas nos livros e no imaginários dos trintões. Saldanha deu um presente a quem costumava dormir com a cantiga da Cuca. É uma visão bem particular do nosso folclore, mas válida, afinal, antes de Saldanha qual foi a última figura pública a valorizar nossas lendas tupiniquins?
A segunda temporada já está sendo negociada.