As melhores séries de 2020


Coluna seleciona as 10 melhores produções disponíveis no streaming

 

 

 

10. A MÁFIA DOS TIGRES / Netflix


Relutei a assistir o primeiro episódio de A Máfia dos Tigres, disponível na Netflix. Ao ver o primeiro, no entanto, viciei, e não consegui largar a série até o sétimo e derradeiro episódio. A Netflix ainda disponibiliza um bônus, uma conversa com quem sobreviveu a história eletrizante que o documentário conta.

 

 

 

 

Há mais tigres vivendo em cativeiro do que no seu habitat natural nos Estados Unidos. Partindo dessa premissa, a dupla de diretores Eric Goode e Rebecca Chaiklin partem atrás de um dos maiores criadores de tigres em cativeiro do país. Descobrem a pérola Joe Exotic. Cantor country, saudosista no figurino, armamentista, amante dos animais nas palavras dele, gay que forma um trisal e inimigo número 1 da ativista pelos direitos dos animais, Carole Baskin, Joe é mesmo inacreditável. Narcisista ao extremo, ele abre sua vida para os documentaristas, expõe os bastidores do lucrativo mercado de animais exóticos e seu ódio mortal por Carole.

 

 

 

 

A relação extrema entre o criador e a ativista, por sinal é, acertadamente, o cerne da série, o que a torna tão instigante.

 

 

 

 

 

 

Logo no final do primeiro episódio sabemos que alguém foi parar na cadeia e que isso tem a ver com a briga entre os dois. Descobrir os meandros dessa pendenga se torna estimulante para os outros episódios. E a história só vai se tornando ainda mais inacreditável. Não fosse o tom cru e o ótimo trabalho de confronto de declarações e reconstituição de narrativas dos personagens, não daria para acreditar que tudo ali relatado poderia acontecer.

 

 

 

 

 

Um dos episódios mais inverossímeis é a tentativa de Joe Exotic de se eleger presidente dos EUA. Uma piada que inevitavelmente nos faz pensar que em um Brasil polarizado e doente politicamente poderia muito bem emplacar. Bom, se olharmos para o que os americanos têm como presidente, não é surpreendente os 19% de votos que Joe recebeu em uma segunda eleição, dessa vez para governador.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9. BOM DIA VERÔNICA / Netflix


A violência doméstica é um mal da humanidade, mas no Brasil encontra mórbidas particularidades. Os registros de violência doméstica têm aumentado no Brasil durante o período de confinamento causado pela pandemia do coronavírus. De acordo com a pesquisa “Violência Doméstica Durante Pandemia de Covid-19”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nas redes sociais, as brigas de casais aumentaram 431% entre fevereiro e abril. O estudo foi divulgado no dia 20 de abril.

 

 

 

Com o foco no Twitter, foram coletadas 52.315 menções a brigas domésticas, das quais 5.583 relataram violência. Segundo os pesquisadores, na rede social os internautas se manifestam mais espontaneamente sobre acontecimentos cotidianos.

 

 

 

Por isso, vem a calhar uma série da Netflix que não só aborda o tema como ao final de cada episódio ensina o caminho para mulheres vítimas de seus companheiros os denunciarem.

 

 

 

Bom Dia, Verônica, no entanto, é mais que uma peça panfletária contra a violência doméstica. Trata-se de entretenimento de alto nível, que nada deve aos seriados policiais estadunidenses ou a boa safra de histórias de investigação que a gente vem se familiarizando a partir do que os serviços de streaming vem nos trazendo da Europa.

 

 

 

 

Adaptação do livro de  Raphael Montes e Ilana Casoy – na época publicado sob o pseudônimo Andrea Killmore -, a trama acompanha a complicada jornada da escrivã Verônica Torres (Tainá Muller) para encontrar um criminoso manipulador, e sua busca por justiça à uma vítima de violência doméstica. É tanto uma história sobre a enorme ambição de Torres de lutar contra um sistema burocrático e a corrupção como um câncer no sistema policial, quanto o inferno que Janete (Camila Morgado) sofre nas mãos do policial militar Brandão (Eduardo Moscovis), agressor com tendências assassinas.

 

 

 

Não é uma história fácil. O próprio intérprete do agressor, Eduardo Moscovis, disse em entrevista à Veja que custava se livrar da carga negativa do personagem ao deixar o set. O trabalho dele, no entanto, e mais ainda o de Camila Morgado, passam a sensação do desconforto que deve ser viver com um monstro de gestos muito bem premeditados.

 

 

 

 

Outra boa interpretação é de Tainá, ótima no papel de heroína que, apesar dos chavões, consegue apresentar algum frescor a esse tipo de personagem.

 

 

Bom Dia, Verônica é um belo exemplo de como nossa produção pode alcançar padrão internacional de qualidade, aliás, superar muita coisa gringa que se vê por aí.

 

 

 

 

 

 

 

8. A MALDIÇÃO DA MANSÃO BLAY/ Netflix

Quem não curte o horror explícito a la The Walking Dead tem uma boa pedida na Netflix. Da mesma lavra de uma das melhores série de terror que o streaming já produziu – A Maldição da Residência Hill – A Maldição da Mansão Bly bebe na fonte da primeira para contar uma história diferente, mais branda nos sustos, mas não menos intensa.

 

 

 

Muitos eventos macabros acontecem dentro da mansão na qual Dani (Victoria Pedretti) trabalha como babá dos órfãos Miles (Benjamin Evan Ainsworth) e Flora (Amelie Bea Smith), mas aos poucos o espectador passa a acompanhar as tramas pessoais de cada personagem – a governanta, o cozinheiro e a jardineira – e, com isso, o drama supera a tensão e o terror. Ganha uma humanização incomum em histórias de terror. Foi este o trunfo da Residência Hill, que se repete aqui.

 

 

 

Boa parte dos sustos se deve à direção precisa, sugestiva, que explora os cantos da mansão que, em um primeiro momento parece agradável, mas que se transforma indesejada em pouco tempo ao espectador. Muito da atração que a série exerce sobre o espectador está nas brilhantes interpretações das duas crianças. Todos os demais personagens estão muito bem, mas sem o talento da ala mirim a coisa não iria para a frente.

 

 

 

A Maldição da Mansão Bly é uma série de terror com camadas que fascinam e causam reflexão sobre morte, perda e existência. Brilhante!

 

 

 

 

 

 

 

 

7. DARK 3ª Temporada / Netflix

A primeira série intrigante a me deixar encafifado foi Lost. Quem percorreu as seis temporadas da série estadunidense exibida de 2005 a 2010 – sedento da catártica informação, afinal, qual o mistério? – deu com os burros n’água e ficou com raiva de si mesmo por ter perdido tanto tempo. O fecho – todos estavam mortos –  até era interessante, porém, como explicar tantas incongruências ao longo da história? As pontas soltas foram muitas.

 

 

 

 

A diversidade do catálogo da Netflix, felizmente, como já festejamos aqui várias vezes, nos mostra que há algo muito além do feijão com arroz que os estadunidenses nos enfiam goela abaixo. A série alemã Dark é prova disso. De dar nó na cabeça, entre tantas idas e vindas no tempo-espaço, ao longo de três temporadas enxutas, desvela um nó que, atire a primeira pedra quem não ficou confuso.

 

 

 

São quatro famílias – Kahnwald, Nielsen, Doppler e Tiedemann – que moram na pequena Winden, que tem em uma usina nuclear a base de sua economia. O desaparecimento de duas crianças nos arredores da usina mobiliza a comunidade. Para nossa surpresa, eles aparecem no passado, um deles 33 anos antes. A partir daí se desenrola a complexa história.

 

 

 

 

Segredos familiares começam a emergir à medida que a polícia investiga os sumiços e logo percebe uma relação com eventos também sombrios do passado. O tempo e o espaço parecem se embaralhar cada vez mais, deflagrando uma série de tragédias que, curiosamente, se repete a cada geração.

 

 

 

Dark é um exemplo de respeito a inteligência do público. Por mais fantástica que seja a trama, ela não tira pé da realidade. Há esforço dos roteiristas em criar empatia com o espectador, com citações relacionadas ao desejo, livre arbítrio, a gênese do mundo, enfim, a tentativa de conectar os sentimentos dos personagens com o espectador já vale uma olhada. O final traz um fecho decente que honra todas as três temporadas (disponíveis na Netflix).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6. I KNOW THIS MUCH IS TRUE / HBO

Você é daqueles que acreditam que nossas vidas estão traçadas desde o berço e que fugir desse destino é dar murro em ponta de faca? Dominic (Mark Ruffalo) também pensa assim. Ele é o protagonista da minissérie I Know Is Much Is True, recém-encerrada na HBO, disponível na HBO GO.

 

 

 

Dominic tem um irmão gêmeo esquizofrênico chamado Thomas. Com comportamentos e até pesos bem diferentes, os dois são um teste e tanto para o talento de Ruffalo. Não à-toa, ele está indicado ao Emmy que anunciará seus vencedores de modo virtual neste domingo, 20. Ruffalo é magistral nas interpretações.

 

 

 

 

Sempre agarrado a Dominic, Thomas se transforma em um fardo. Ao ler a biografia do avô, Dominic acredita que este é seu destino. Sua vida, por sinal, não tem sido nada fácil e, pra quem acredita em carma, parece de fato que o pobre coitada esteja pagando os tantos pecados do avô. Dominic perde a filha recém-nascida, e no rastro da dura perda, seu casamento fracassa. A mãe morre de câncer. Seu trabalho como pintor de paredes não é a atividade mais bacana do mundo. Sua atual companheira se diz grávida, mas, surpresa, ele é vasectomizado, e por aí vai.

 

 

 

As desgraças na vida de Dominic são tantas que até o espectador mais cético vai acreditar no carma. A história é difícil, leta e angustiante por vezes, mas o que fica ao percorrer os seis episódios da minissérie é um sentimento de certa esperança. Uma lição clara de que a vida é difícil, mas tem sua beleza. Não encontraremos essa beleza nunca no óbvio ou no que desejamos, mas sim, na própria forma como lidamos com os problemas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. ZEROZEROZERO / Amazon


Roberto Saviano é um homem marcado para morrer. Em 2006, depois de publicar o livro Gamorra, revelando meandros do pantanoso submundo da máfia italiana, ele passou a ser ameaçado e, desde então, não tem paradeiro certo. Muda-se constantemente para escapar da morte.

 

 

 

Mesmo assim, sua mente fabulosa é capaz de produzir pérolas como ZeroZeroZero, série cuja primeira temporada está disponível na Amazon Prime Vídeo.

 

 

 

A série segue a especialidade de Saviano e mostra os bastidores de uma disputa internacional por uma carga de cocaína que cruza o atlântico. A trama se desenvolve no México, Estados Unidos, alguns países da África e Itália. Com vários personagens, somente o roteiro bem amarrado consegue ligar as histórias e torná-las compreensíveis.

 

 

 

A série é inspirada em livro de Saviano lançado em 2013. ZeroZeroZero remete à pureza da cocaína e se desdobra, em oito capítulos, mostrando os destinos do carregamento, encomendado pelo chefão da máfia calabresa Ndrangheta, don Minu. Sua intenção é acalmar o apetite de seus comandados jovens pelo seu lugar — o primeiro deles, seu próprio neto, Stefano, que tem suas razões para desejar um acerto de contas com o avô.

 

 

 

Outro eixo familiar é construído a partir de Nova Orleans, nos Estados Unidos, sede da empresa Linwood, a intermediária encarregada do transporte da droga sob uma fachada legal. O terceiro núcleo é Monterrey, no México, de onde parte a droga e onde se assiste à ascensão de um novo poder, dos milicianos liderados pelo sargento Manuel León.

 

 

 

Ao não contrapor mocinhos e bandidos, dando humanidade a todos, por mais distorcida que possa parecer, como no caso do sargento León, que acredita que recrutar jovens para o crime seria uma espécie de missão divina, a série acerta no ponto e nos entrega uma história fascinante. Recomendo com louvor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. I MAY DESTROY YOU / HBO

Arabella (Michaela Coel) percebe pelo olhar que está rolando mais que uma relação profissional com Zain (Karan Gill). Segundos depois eles estão na cama. A cena é quente. O sexo parece bom. De costas, Arabella não percebe quando Zain furtivamente retira a camisinha e ejacula dentro dela.

 

 

 

Logo em seguida ele confessa o que fez e, cinicamente, diz acreditar que ela tinha percebido. Chocada, mas levando na esportiva, Arabella faz Zain pagar pela pílula do dia seguinte.

 

 

 

A cena pode soar banal para muitas mulheres que já passaram por igual situação, mas não é, pela legislação trata-se de estupro. Arabella vai descobrir isso mais tarde quando se vê na Delegacia denunciando uma situação bem mais séria. Com crise criativa (ah, ela é uma bem-sucedida escritora), em uma noite ela topa o convite de um amigo para uma bebedeira. Lá ela conhece outro cara e, aparentemente, apaga. Acorda no outro dia sem saber muito ao certo o que aconteceu. As lembranças vão ressurgindo e de repente ela tem um insight: um rosto masculino que, ao que tudo indica, a teria estuprado.

 

 

 

 

 

Paralelamente, um amigo de Arabella, Kwame (Paapa Essiedu), vive às voltas com aplicativos de encontros. Ao se ver no apartamento de um desconhecido, topa logo de cara fazer sexo com ele. Tudo muito bom, até que ao dizer que vai embora, o cara o agarra a força e o estupra.

 

 

 

São dois momentos chave dessa nova série de 12 episódios (seis episódios já foram exibidos e estão na plataforma HBO GO) que vem sendo apontada pela crítica como uma das mais originais do ano. A dubiedade e complexidade de tema tão delicado é tratado de maneira certeira pelo roteiro que a própria protagonista tentou vender para a Netflix. O negócio só não foi fechado porque ela exigia participação nos lucros. A BBC topou e, em associação com a HBO, a série foi gravada.

 

 

 

Michaela, além de um roteiro certeiro e cortante (diz-se que ela conta a própria experiência), é boa de negócios e sabe muito bem o tamanho do seu talento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.  LOVECRAFT COUNTRY / HBO


A profusão de séries que chegam ao Brasil por meio do streaming (mais de 400 por ano) é um deleite e tem muita coisa boa, mas é bem fácil de encontrar histórias muito semelhantes. Quem está cansado da mesmice, Lovecraft Country é uma ótima pedida. A série encerrada recentemente na HBO (disponível na HBO GO) é um choque de inovação.

 

 

 

A história, contada de maneira não linear, subverte gêneros, ridiculariza convenções e estimula a criatividade. A série é inspirada na obra de H.P. Lovecraft, um dos autores que ajudaram a moldar o gênero terror. Seus contos imaginativos atravessaram gerações, e inspiraram cineastas icônicos como John Carpenter (Enigma de Outro Mundo) e Stuart Gordon (Re-Animator). Contudo, poucos sabem que o escritor era abertamente racista. Basta pesquisar, e em cinco minutos, você verá declarações terríveis do artista.

 

 

 

 

Pois é justamente essa face nada elogiosa de H.P. Lovecraft que a série ironiza, ao empoderar personagens negros que enfrentam o verdadeiro terror dos anos 1950: brancos psicopatas que viam no racismo a forma de extravasar seu instinto assassino.

 

 

 

 

Os monstros grotescos inventados por Lovecraft fazem pano de fundo para questões muito maiores, que infelizmente seguem atuais. Na trama, Atticus (Jonathan Majors) embarca em uma viagem pelos Estados Unidos para solucionar o desaparecimento do pai. Na época, os negros percorriam o país com a ajuda de um guia chamado Green Book (lembram do filme que ganhou o Oscar principal do ano passado?), que indicava estradas e locais seguros para a comunidade afro-americana. Ao lado de Leti (Jurnee Smollett) e George (Courtney Vance), Atticus enfrenta situações humilhantes pela cor de sua pele, mas o que acontece na sequência das humilhações é redentor, ao melhor estilo Tarantino. A redenção é só o começo de uma história fantástica, cheia de reviravoltas e personagens marcantes. Vale cada segundo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2. GANGS OF LONDON/ Starzplay


É assim que você fica depois de passar pelos quatro episódios da primeira temporada de Gangs of London, série disponível no Brasil pela Starzplay. A série é simplesmente viciante.

 

 

 

Apesar de uma história batida, deve ser o estilo, os casacos bem cortados do irretocável elenco ou a fotografia que capta o lado B de Londres. Só sei que ao terminar o primeiro episódio de uma hora e meia, você fica ansioso pelo segundo e mal se contenta quando o atordoante quarto episódio se encerra, clamando pela segunda temporada. Programa obrigatório, portanto.

 

 

 

 

 

 

A produção acompanha o desdobramentos do assassinato do chefe do crime organizado de Londres e as disputas pelo poder que seguem à sua morte e levam terror às ruas da cidade. Como disse, o roteiro é batido, mas o desenvolvimento traz um frescor.

 

 

 

A interpretação metódica de Joe Cole, como Sean Wallace, tentando se impor diante dos maiores criminosos de Londres, é o carro-chefe que tem ainda o excelente Sope Dirsu no papel de um policial disfarçado e a mãe dos Starks de Game of Thrones como a matrona da família Wallace. Michelle Fairley interpreta Marian Wallace.

 

 

 

 

Parece claro que a intenção dos produtores foi de surpreender o espectador oferecendo um coquetel de violência com cenas de luta impressionantes e um roteiro ágil, cheio de reviravoltas e situações-limite. Vale cada minuto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.NORMAL PEOPLE/ Starzplay


“Todo mundo é um mistério de algum jeito e você realmente nunca conhece a outra pessoa”. A frase profunda é da protagonista de Normal People, a série sensação da Hulu disponível no Brasil na Starzplay. Quem completa os doze episódios de 30 minutos (em média), percebe que nem a gente conhece a gente mesmo. É chavão, mas Normal People não trata de estereótipos. É justamente a forma original de retratar um romance que fascina quem a assiste.

 

 

 

 

Partindo do convívio escolar entre Marianne (Daisy Edgar-Jones) e Connell (Paul Mescal), a série acompanha o complexo relacionamento que começa de modo totalmente despretensioso. A mãe de Connell trabalha na casa de Marianne, menina rica e excêntrica, super inteligente, que usa sua sapiência para afastar as pessoas com respostas cortantes a qualquer provocação. Dessa forma, apesar de bonita, ela é vista como a esquisitona da escola. Connell, o bonitão popular da escola, se sente atraído por ela. Como se esbarra com a colega de escola ao ir buscar a mãe na casa dela, conversa vai, conversa vem e ambos decidem dar vazão a seus impulsos sexuais.

 

 

 

 

Lendo até aqui você pode pensar em quantas novelas da Globo exploraram a história batida do romance da princesa e o plebeu. Não é o caso. A questão social aqui tem pouca relevância. O que separa Connell e Marianne é bem mais complexo. Os dois se apaixonam de cara, mas confundem seus sentimentos e demoram a entender que podem ser um casal sem receios. Dessa forma, de modo sutil, escapam um do outro como em ondas. O ambiente escolar, marcado por ironias e piadas, contribui substancialmente para isso, mas o próprio desabrochar dos sentimentos e a dor do amadurecimento afastam os dois.

 

 

 

 

Cai o pano e vemos os dois se reencontrando tempos depois já na faculdade. A realidade é outra. Marianne está anos luz à frente da sua insegurança juvenil. Connell tem mais perguntas que respostas. Os dois parecem mais certos do que sentem um pelo outro, mas as circunstâncias voltam a atrapalhá-los. Como conciliar os desejos com a realidade? Como anular tudo o que aconteceu? E como esquecer os ressentimentos?

 

 

 

 

Complexo, não? Sim, mas tudo isso é mostrado com uma simplicidade e delicadeza que não só nos toca como faz repensarmos nossa vida, nossas escolhas, os caminhos que trilhamos. E se?…





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